27.8.10

Ele disse: não chore que chorar enfraquece.

Eu disse
: mas às vezes é como a chuva que se precisa quando tem estiagem demais e tudo fica muito seco.

Clarice Lispector


22.8.10

Uma historia.

Se tratava do homem mais bonito do mundo, eu não tinha nenhuma dúvida. Quem poderia ser mais bonito do que ele? Javier Bardem? Não. Basta vê-lo no filme da cólera pra saber o potencial que ele tem pra feiúra. O Brad Pitt? Eu prefiro os morenos. O Jesus Luz? Acho fraco, ele tem aquele lapso de vergonha suburbana no branco dos olhos. Não gosto de homem que se sente devendo algo ao cosmos. Homem que faz pose de topo de cadeia alimentar mas sofre as dores de uma coluna ainda arredondada pelo começo da evolução.
Enfim, tratava-se do homem mais bonito do mundo. E ele veio falar comigo. E eu estava sentada no chão. E ali mesmo trocamos uns beijos e telefones e confissões e eu lembro que, apesar de estar com muito sono e cansaço e desesperança com a vida, fiquei tentando descobrir o que um homem daquele nível supremo de beleza (um metro e noventa, olhos azuis, cabelos castanhos cacheados, ombros que iam até o Chile) tinha visto numa garota bem mediana que estava sentada no chão em um dos dias de menor brilho de sua carreira social.
Apliquei o teste do cotovelo durante o beijo (a leve roçadinha sem querer pra saber se o membro promete ou não promete). Apliquei o teste da sapiência média (você comenta que quando você olha pro abismo, o abismo olha pra você, e espera pra ver se ele tem alguma cultura de filosofia de almanaque). Apliquei o teste da bobeira erudita, uma merda qualquer que você lança no ar tipo “ai que vontade de chafurdar por essas lamas universais” e se o cara for minimamente interessante ele compra a besteira e devolve uma outra melhor ainda. Se ele for um tapado ele ri e fala algo idiota tipo “quero o mesmo que você está tomando” e daí você sabe que está, novamente, sozinho no mundo. Como sempre.
E ele, do alto de sua absurda e dolorosa beleza, foi tirando nota sete e meio em todos os quesitos. Devolveu uma besteira à altura, conhecia frases pessimistas perfeitas para uma noite estrelada e passou com certo louvor no teste do cotovelo.
No dia seguinte, já pela manhã, chegou uma mensagem de texto do homem mais bonito do mundo “quero te ver”. E foi então que resolvi pedir ajuda. Juntei a mulherada em casa. E todas nós, em silêncio, começamos a “googla-lo”. Até que uma foto bem grande, dele só de bermuda, sorrindo, ocupou a tela inteira e o coração de todas nós. Algumas suspiraram. Algumas tiveram ataque de riso nervoso. Uma ficou bem irritada e foi embora. Outras me olharam com a miopia bem apertada tentando descobrir que é que eu tinha pra merecer aquilo tudo. Ele era realmente o homem mais bonito do mundo. Todas concordaram. Não existe homem mais bonito do que esse e talvez nunca existirá. E, ao que tudo indica, trabalhador, com amigos do bem, amante da natureza e das crianças. A ficha.com estava limpíssima. Mas você viu se ele…Vi, vi, sim, ele passou no teste do cotovelo. Burro? Não. Então o quê hein? Pois é, amigas tão honestas, eu também não sei o que ele viu em mim. Tentaram uma última explicação, olhando para os meus pés “ah, vai ver ele gosta de sexo bizarro”. É, vai ver. Outra explicou assim “ah, tem tanto casal que a gente vê e não se conforma”. Pois é.
Fiquei quarenta e sete dias com o homem mais bonito do mundo. Todo mundo olhava pra ele. Homens, mulheres, velhinhos, crianças, cachorros, pombas, formigas. Ele poderia ter qualquer uma das anjinhas da Victoria’s Secret (caso além de perfeito fosse trilhardário também…não era o caso, mas era bem de vida) mas preferia estar comigo. Ele definitivamente não tinha nenhum problema sexual, aliás, muito pelo contrário: fazia parte do seletíssimo grupo de homens que, apesar de não fazer feio em medidas, são adeptos do sexo minimalista (aquele que sabe o valor da delicadeza pontual, ritmada, paciente e amorosa), entendia os filmes do Reserva Cultural e me explicava as palavras mais difíceis das músicas do Radiohead.
Tudo ia muito bem até que um dia, na fila pra comprar uma bomba de chocolate numa rua de Higienópolis, eu resolvi explodir aquela relação. Ele era tão bonito que me…que me…que…sei lá. Lembro que na hora pensei algo assim “ah, má vá ser bonito assim lá na puta queo pariu”.
E ele foi.




Lastout.

21.8.10

Eu escalei uma montanha, e olhei do abismo
E todas as mentiras que eu nunca conduzi
É uma nonde eu fiquei com você, além do mar
Eu imagino se você ainda pensa em mim
Eu sempre carrego sua imagem em minha cabeça
Me curvei e gritei e me rasguei no abismo
E eu olhei por cima disso tudo por tantos anos
Estou perdendo sua face vagarosamente.


Ela.

Tão jovem, tão linda e com tantos problemas.
No fundo, no fundo ela só quer alguém que a abrace no final da tarde, que a beije num dia de chuva, que olhe pra ela e diga: tá tudo bem?

É tão forte, tão mágica por dentro, tão cheia de expectativas, tão cheia de amor, tão engraçada, tão rebelde, tão…

Conhece seus defeitos, sabe lidar com eles, sabe ouvir, sabe falar, sabe escrever seus sentimentos … apenas sabe.
E eu sei que um dia ela vai achar o seu lugar, aquele lugar que foi feito pra ela.

20.8.10

Só.

Sozinha porque um cobertor
não é uma companhia.

Ela, então, estava sozinha
de novo – outra vez.

Sozinha e com várias pessoas
em volta
dela – sozinha.

As festas não faziam diferença.
Os amigos não faziam diferença.
Os copos e garrafas não faziam diferença.
Nem os bichos de pelúcia,
nem a barra de chocolate,
nem os livros.
Ela estava sozinha e nunca
ninguém – alguém –
poderia mudar isso.
A não ser que ele voltasse.
- Mas ele gosta de ficar sozinho.
É, ele gosta:
ele.

19.8.10

Beija.



Talvez seja melhor que sonhar com principes.

Né!

''Toda a mulher se depara, ao menos nove mil e quarenta vezes na vida, com um homem ordinário. Descobri, para a minha sorte, bem cedo o gosto da canalhice. Brinquei de boneca até os treze anos. Troquei a boneca por um beijo na boca e achei nojento demais. Para testar bem a nojeira continuei beijando. Me dei conta que a coisa era boa e o cadáver da boneca foi enterrado em um saco de lixo. O cemitério ficava embaixo da minha cama. Naquela mesma cama, eu sonhava com os grandes amores da minha vida. Quatorze anos, muitos amores. Todos eles inequecíveis. Todos eram os únicos-que-senti-isso. Na adolescência tudo é hiperbólico e sem fim.


Então você cresce um pouquinho. Beija mais de vinte, trinta, setenta. Não que eu tenha beijado essa quantidade de meninos, viu? Você cresce, espicha o olho para um, para outro. Aquele que é o top, te convida pra ir numa festa, você fica toda ouriçada, chega em casa, escolhe a roupa, veste a roupa, troca a roupa, escolhe outra roupa, veste a outra roupa, troca a outra e roupa e começa tudo outra vez. Você se perfuma, passa a chapinha, aprende a se equilibrar num salto alto, retoca o esmalte, maldito esmalte que resolve lascar bem na hora em que você aplica mais uma camada de rímel. Você tem um pouco mais de quinze, um pouco menos de dezessete. E o top é aquele cara com a barba cerrada, gostoso que só vendo, tem as coxas mais bonitas e suadas do universo, você adora ver o balancê balancê dele, meu deus, é um deus! O top bebe, fuma e faz cara de malvado. Você aprende a fumar, a beber e a fazer cara de conquistadora.


Chega o dia da bendita festa. Você, linda, com esmalte retocado, chapa na juba, cara de sou-poderosa-sim-senhor chega no lugar. O ambiente é uma boate esfumaçada, com música que deixa qualquer um surdo, cheio de gente bebendo, vomitando, cheirando, fumando. Vocês tomam um gole de cerveja. Ele coloca a latinha mais pro lado e diz vem cá. Você vai. Ele te pega na cintura, segura o seu cabelo e te beija alucinadamente. E você dá aquele beijo que seria o beijo mais histórico de toda a humanidade, ninguém beijou assim, nem mesmo os dinossauros. Ele diz vamos lá em casa? Você faz cara de paisagem amanhecendo. E então ele diz vou no banheiro. E você diz tá.


Ingênua e boba, fuma mais um cigarro, toma mais uma cerveja. Ele volta. Te pega e te beija. E diz vamos lá pra casa? Você diz que não, o que é isso, não foi assim que a minha mãe me ensinou, fazer o quê lá? E ele diz ah, vamos, não te faz de difícil, vamos gatinha. E você se pergunta hein, gatinha , que brega, meu filho! E ele diz ah, vamos, você não vai se arrepender, quero te mostrar a minha coleção de CD´S. Ele insiste, insiste e insiste mais uma vez. Você sente vontade de mandar ele enfiar a CDzaiada inteira no cu. Mas segura. Segura, peão. Ele diz então vou no banheiro e já volto. Você fuma mais um cigarro, toma mais uma cerveja. Mais um, mais uma. Outro, outra. Nada. Então você não acredita no que os seus olhos estão vendo. Ele, o top bebum e fumante da escola aparece beijando, abraçando, lambendo, quase comendo uma menina no cantinho esfumaçado da boate esfumaçada. ''
' Era um misto de nojo com apetite. Uma vontade de botar a língua pra fora pra vomitar mas aproveitar a queda pra lamber os pés dele. Eu queria enfiar a cabeça dele na privada e dar descarga. Ao mesmo tempo que eu queria a liberdade de nadar naquela água suja.
Eu disse não. Mandei ele ir embora. E ria, trincava os dentes, estalava os dedos, mudava a voz o tempo todo, que voz quero usar, o que quero ser, que coisa é essa que tenho que tirar de mim se não sei nem de onde tiro e nem pra onde vai depois. Quase ajoelhei pra pedir que ele saísse da minha frente. Aquela força toda, aquele homem todo e eu dizendo não, me deu uma pena de mim. Eu não dizia não porque não queria ou porque queria. Eu dizia não porque, nossa...
E ele segurou meu braço. Ficou me olhando, olhando, olhando. Como se dissesse, você nem pensa nada disso na verdade. Como se dissesse, não valorize demais, nem a mim, nem a você. Porque era o que na verdade, no fundo, eu estava fazendo, me valorizando demais. Eternamente intocável no meu personagem que nunca merece. Seus olhos tinham um estampado de vamos acabar logo com isso. Como se fosse uma doença o que pegamos no outro hotel, no bar. E agora, inevitavelmente, assim como ele, que combinássemos de nos curar juntos. E eu disse não. Eu disse não para ele e seus mil anos e mil sexos e mil cigarros e mil bebidas e mil homens e mil mulheres e mil tranquilidades e mil mundos e mil encoxadas. Eu era uma dizendo não para mil. Eu estava dizendo não para o homem inevitável. A única espécie de ser que jamais pode ouvir não. E eu, que pena, disse não porque se dissesse sim não teria a menor ideia do que fazer com aquilo tudo. Com tudo o que ele representava. '


/tudonovaral

18.8.10

Amanhã.

Parei por aqui.
Agora, honestamente.
E me encontrei aqui fazendo planos para o meu nada.

Eu falo de morte como falo de amor e de vida, são versões da mesma história, história que inventei e não deu certo, deixei de acreditar.
Na verdade, eu tinha preparado e organizado tudo, estava tudo combinado, ajeitado da melhor forma para que fosse uma vida feliz, mas a deformidade foi maior e venceu.
O estranho me envolveu e eu caí de cama.
Não quero, tenho preguiça de pensar que pode ser de novo, e eu não tenho o direito de me desapontar ainda mais.

Sou cruel demais com os outros, minto, traio, mas comigo mesma preciso ser leal.
Meu corpo está povoado por verdades sobre mim que não preciso e nem quero mostrar.
Se eu pudesse fazer um pedido, eu pediria pra viver, fora isso não quero pedir nada.
Não quero mais o que tem em volta, quero fazer parte de uma notícia do passado e gostaria muito que me esquecessem.

Eu precisava tanto ir embora, e queria alguém que me pegasse pela mão e mostrasse o caminho. É confuso.
Porque também queria ir sozinha.


Quero anotar aqui uma coisa boa pro meu futuro.. mais deixa pra amanhã.
Amanhã.

Modo defensivo.

Não era nada com você. ou quase nada.
Estou tão desintegrada.
Atravessei o resto da noite encarando minha desintegração. joguei sobre você tantos medos, tanta coisa travada, tanto medo de rejeição, tanta dor.
Difícil explicar.
Muitas coisas duras por dentro. farpas. uma pressa, uma urgência e uma compulsão horrível de quebrar imediatamente qualquer relação bonita que mal comece a acontecer. destruir antes que cresça. com requintes, com sofreguidão, com textos que me vêm prontos e faces que se sobrepõem às outras.
Para que não me firam, minto.
E tomo a providência cuidadosa de eu mesma me ferir, sem prestar atenção se estou ferindo o outro também.
Não queria fazer mal a você. não queria que você chorasse. não queria cobrar absolutamente nada.

Bem vindo ao mundo real...

... é uma droga, você vai amar!



12.8.10

Um belo texto.

Nesses dias tristes em que meu coração encontra-se definhando de sede como as flores que necessitam de água mas não a tem, tudo que preciso é reescrever meu mais belo texto. Não quero mais que aquele outro belo texto seja o mais belo texto; quero, antes, encontrar em meio a não sei o que ou à inspiração ou a um novo amor ou ainda a um milagre, enfim, quero encontrar para escrever meu mais novo belo texto. E que seja colorido, com leve aroma bom de se cheirar. Que seja também delicado, mas sem perder sua força. Tem que ter impacto, tem que fazer bem aos ouvidos, olho e coração, e tem que ser simples. O mais belo texto tem que ter consistência, tem que fazer sonhar, deveria também ter esperança, e deveria deixar a todos felizes, independente de ser um texto de amor, ou de amizade, ou de qualquer outra temática humana ou não.
O mais belo texto do mundo também deveria ser tolerante, deveria sofrer menos e rir muito mais, relaxado e feliz, além de confiante. Estou... à espera do caminho que dê ao mais belo texto do mundo, o novo mais belo texto do mundo. E já estou à caminho. As flores secas estão todas para trás, assim como algumas cascas, certas saudades e meia dúzia de outras coisas que pesavam em minhas costas.



creia.

10.8.10

Passado feliz

que eu não consigo esquecer. tudo mudou eu sei, o tempo também, não há porque voltar. mas quando olho pra você, vejo que talvez errei também, não sei. e o teu silêncio me faz mal, mas ninguém se importa no final. sonhos confusos me deram forças pra viver. não há escolhas, eu me iludo sem você, mas tudo vai acabar bem.

Eu estou tão cheia.

De músicas de amor.
Tão cansada de lágrimas.
Tão acabada, com o desejo de que você estivesse aqui.
Eu estou tão cheia de músicas de amor, tão tristes e lentas.

Então por que eu não consigo desligar o rádio?





8.8.10

Feliz dia dos pais


Para todos os pais do mundo.

Especialmente o meu,
que é o meu herói (clishé), meu exemplo, minha companhia, minha força e coragem, a unica pessoa a quem eu confio minha vida, quem me mandou para ter a vida, quem cuidou de mim desde quando eu estava no ventre de minha mãe, ele sim merece tudo que eu posso e que eu julgo não poder,
enfim, eu te amo com todas as minhas forças.
Pai, eis a razão da minha vida.
Eu simplesmente e incondicionalmente te amo !

7.8.10

Não sei se te amo ou te odeio. Quero te mandar para longe, mas te quero por perto. Quero te arrancar do meu peito, mas te quero de qualquer jeito. Vou fugir daqui, para um lugar onde não haja nenhuma maneira de encontrar você. Onde as pessoas não conheçam a história de nós dois. Vou escutar uma música que não me faça lembrar de você. Vou ver um filme de amor que não termine como o nosso terminou. Vou andar por onde você nunca passou, para que não exista nenhum vestígio seu. Onde meus olhos possam percorrer toda volta sem o risco de te ver. Vou ficar por lá, até que a sua imagem se apague da minha memória. Até que eu não sinta mais teu cheiro no meu corpo. Então com o coração já refeito, eu voltarei. E se um dia te encontrar, por certo encontrarei, não vou te reconhecer. Mas você vai me olhar, não vai acreditar no que vê. Seu coração vai disparar e nada vai conseguir dizer. Eu vou sorrir e te comprimentar, sem muita demora eu vou seguir. Você estagnado, vai permanecer ali parado.. E vai entender que me amava e que sempre fui eu a pessoa que você procurava.

Ele nem imagina.

Se ele soubesse, que é nele que eu penso todas as manhãs, e o resto do dia também. Que dos meus sonhos mais lindos, a coisa mais linda é ele. Que quando me perguntam qual é o meu perfume preferido eu digo o nome do perfume que ele usa. que a minha música preferida é a música que ele adora. E que quando me perguntam qual foi a coisa mais linda que eu já escutei, eu respondo: foi quando ele disse que me amava.

Vai e vem de sentimentos.

Tenho que dizer que não consigo mais amar ninguem.
não posso esquecer de comentar que viver sem ele não é dificil, mas não pensar (relembrar) é impossivel.

Pois é,
seja com poemas, blues, ou versadamente, seja lá complicadamente como for,
ta dificil, ta doloroso, ta chato, ta possesso, mas não é impossivel.

4.8.10

Desapeguei-me de mim.

É que em teu corpo o meu si encaixa, entre meus dedos falta algo - acho que são os seus dedos -.

é que só pra você eu podia contar tudo, você entenderia, não si assustava com nada. eu amava teus defeitos tanto quanto as qualidades e você sentia o mesmo por mim.

é que só contigo, um olhar bastava pra que tudo si resolvesse.

é que quando me dava vontade de ti bater você me amava, me abraçava.

é que quando eu chorava você não gostava,

é que só você sempre me disse pra nunca chorar pra um homem, nunca, mesmo sendo um. e você foi o unico por quem eu chorei. lutei. me humilhei. só você soube e saberá sempre como me fazer verdadeiramente completa e feliz.

e sem ti agora, por vezes é tão dificil. já me acostumei, já sim. só meu coração que não.
este sim,
não quer amar mais não.