25.4.10

Apagar e dormir

É preciso entender que os poetas nunca falam sobre as coisas acerca das quais estão a falar. Falam sobre as coisas para falar sobre si mesmos. É isso que são as metáforas. Retratos da alma. Fernando Pessoa escreveu sobre as estrelas… Tão distantes. Mas era sobre si mesmo que falava.
“Tenho dó das estrelas luzindo há tanto tempo, há tanto tempo… Tenho dó delas. Não haverá um cansaço das coisas, de todas as coisas, como das pernas ou de um braço? Um cansaço de existir, de ser, só de ser, o ser triste brilhar ou sorrir… Não haverá, enfim, para as coisas que são, não a morte, mas sim uma outra espécie de fim, ou uma grande razão ─ qualquer coisa assim como um perdão?”
Sim, ele estava muito cansado. Seu cansaço deveria ser tão grande como o cansaço das estrelas, brilhando sem fim, desejando apagar e dormir.

Encontro e separação

Amor é isto: a dialética entre a alegria do encontro e a dor da separação. E neste espaço o amor só sobrevive graças a algo que se chama fidelidade: a espera do regresso. Quem não pode suportar a dor da separação não está preparado para o amor. Porque o amor é algo que não se possui, jamais. É evento de graça. Aparece quando quer, e só nos resta ficar à espera. E, quando ele volta, a alegria volta com ele. E sentimos então que valeu a pena suportar a dor da ausência, pela alegria do reencontro.

"Ja não sinto mais nada"

Nas tardes seguintes, Bruno retornou ao ponto da cerca onde os dois costumavam se encontrar, mas Shmuel nunca mais apareceu. Depois de quase uma semana ele se convenceu de que o que havia feito fora tão terrível que jamais seria perdoado, porém no sétimo dia ficou extasiado ao ver Shmuel esperando por ele, sentado de pernas cruzadas no chão, como sempre, e olhando para a poeira debaixo de si.

“Shmuel’, disse ele, correndo na direção do amigo e sentando-se, quase chorando de alívio e arrependimento. “Eu sinto tanto, Shmuel. Não sei por que fiz aquilo. Diga que me perdoa.”

“Tudo bem”, disse Shmuel, olhando para ele. Seu rosto estava todo machucado e Bruno fez uma careta, por um instante se esquecendo das desculpas que estava pedindo.

“O que aconteceu com você?”, ele perguntou, mas não esperou pela resposta.
“Foi a bicicleta?” Porque uma vez isso aconteceu comigo lá em Berlim há uns dois anos. Eu caí da bicicleta quando estava indo rápido demais e fiquei todo roxo durante semanas. Está doendo?”

“Nem sinto mais”, disse Shmuel.

“Parece que dói.”

Já não sinto mais nada”, disse Shmuel.

“Bem, sinto muito pela semana passada”, disse Bruno. “Eu odeio aquele tenente Kotler. Ele pensa que é o manda-chuva, mas não é.” Bruno hesitou por um instante, sem querer perder o fio da meada. Sentiu que deveria dizer mais uma vez e com muita sinceridade. “Eu sinto muitíssimo, Shmuel”, disse numa voz bem clara. “Não posso acreditar que não contei a ele a verdade. Nunca desapontei um amigo dessa maneira antes. Shmuel, estou envergonhado de mim mesmo.”

Quando Bruno disse isso, Shmuel sorriu e balançou a cabeça e Bruno soube que estava perdoado. Então Shmuel fez algo que nunca havia feito antes: ele ergueu a parte de baixo da cerca como sempre fazia quando o amigo lhe trazia comida, mas desta vez ele estendeu a mão por baixo e a manteve lá, esperando até que Bruno fizesse o mesmo. Os dois meninos apertaram as mãos e sorriram um para o outro.

Foi a primeira vez que eles se tocaram.




Não faz sentido...

Primeiro quis escrever nossa história para livrar-me dela. Mas para esse objetivo as lembranças não vieram. Então notei como a nossa história estava escapando de mim e quis recolhê-la de novo por meio do trabalho de escrever, mas isso também não destravou as memórias. Há alguns anos deixo nossa história em paz. Fiz as pases com ela. E ela retornou, detalhe após detalhe, de uma maneira redonda, fechada e direcionada que já não me deixa triste. Que história triste, pensei durante muito tempo. Não que eu pense agora que ela é feliz. Mas penso que é verdadeira e, diante disso, perguntar se é triste ou feliz é algo que não faz sentido.

24.4.10

12.4.10

Talvez uma decisão, enfim.

É em dias off como os de ontem que, quando achamos que nada mais pode perturbar o nosso humor, (falta de) paciência, e nostalgia, acontece algo que certamente muda tudo isso. Eu tenho andando melhor, sabes? O que não queria que soubesses é que, os piores dias se deveram à falta que de ti sentia. Achava que só faziam sentido quando estavas do meu lado, com palavras de conforto que me prendiam a ti de uma forma inquebravél. E, o que entristece mais, é que esses dias existiram .. Ambos sabemos, mesmo que curtos, eles estiveram lá. Cada dia com a sua história, com o seu momento. Tu deixaste-me a contar a história sozinha e, quando não tinha mais nada para lhe juntar, tive mesmo que acabar com ela. Desculpa. Eu queria que ela tivesse continuado. E tu aproveitaste-te disso para a contornares e saires livre dela. Há muito tempo que não pensava nela, e isso devo-te agradecer a ti. Foram os teus empurrões, as tuas palavras cheias de cinismo e frieza que fizeram com que caísse em mim. Custou muito, e demorou, mas sempre ouvi dizer que "mais vale tarde que nunca"; pessoalmente, preferia saber que poderias voltar, mesmo que passassem meses, anos em vez de deixares a (nossa) história incompleta. Ambos sabemos que ela não vai ter recomeço, mas não a pretendo modificar incluindo alguém nela. Acabada ou não, é nossa, e isso nem as piores palavras e o tempo podem mudar. Nunca percebi bem as tuas mudanças de atitude quando, em dias que eu menos esperava, falavas-me num tom como se nada se tivesse passado e estivesse tudo bem. Muitas vezes dou por mim a olhar para trás, e, realmente, a pessoa por quem me apaixonei em ínicios de Verão não é a pessoa que és. Na altura idealizei-te, ajudaste a criar uma imagem de ti que se tornou imprescendível à minha vida, claro .. convinha-te na altura, não é? É sempre assim. Hoje vejo que conheci duas personalidades completamente diferentes numa só pessoa, mas por qualquer uma delas chorei, lutei e tive os melhores e piores dias da minha vida. Não duvido dos teus sentimentos por mim quando os dizias ter, mas asseguro-me que os meus eram os mais completos, mais seguros e mais óbvios .Não percebo porque é que, depois de tanto tempo, de últimas conversas fracassadas e palavras carregadas de agressividade, fizeste questão de me mostrar que ainda existias. Existes, facto que ultimamente tinha esquecido por antes tanto me lembrar. E porque é que haveria de ir ao teu encontro no fim do mês? Talvez ficássemos cúmplices de uma história que não acabámos de viver, talvez recordassemos os primeiros dias com o mesmo amor que outrora existia. Mas eu sei que não ia ser isso .. O mais provavél era ficarmos parados durante horas a olhar um para o outro, para o mar ou para as pessoas em redor, ficávamos assim até um de nós arranjar maneira de quebrar o silêncio, mesmo que fosse da forma mais despropositada. Eu ainda não tomei a minha decisão, não sei distinguir a má da boa escolha. Mas, independentemente da que tomar, sei que vou olhar para trás e ver que escolhi o caminho certo.

7.4.10

Conversando

A: Você é meu companheiro.
B: Hein?
A: Você é meu companheiro, eu disse.
B: O quê?
A: Eu disse que você é meu companheiro.
B: O que é que você quer dizer com isso?
A: Eu quero dizer que você é meu companheiro. Só isso.
B: Tem alguma coisa atrás, eu sinto.
A: Não. Não tem nada. Deixa de ser paranóico.
B: Não é disso que estou falando.
A: Você está falando do quê, então?
B: Eu estou falando disso que você falou agora.
A: Ah, sei. Que eu sou teu companheiro.
B: Não, não foi assim: que eu sou teu companheiro.
A: Você também sente?
B: O quê?
A: Que você é meu companheiro?
B: Não me confunda. Tem alguma coisa atrás, eu sei.
A: Atrás do companheiro?
B: É. A: Não.
B: Você não sente?
A: Que você é meu companheiro? Sinto, sim. Claro que eu sinto. E você, não?
B: Não. Não é isso. Não é assim.
A: Você não quer que seja isso assim?
B: Não é que eu não queira: é que não é.
A: Não me confunda, por favor, não me confunda. No começo era claro.
B: Agora não?
A: Agora sim. Você quer?
B: O quê?
A: Ser meu companheiro.
B: Ser teu companheiro?
A: É.
B: Companheiro?
A: Sim.
B: Eu não sei. Por favor, não me confunda. No começo era claro. Tem alguma coisa atrás, você não vê?
A: Eu vejo. Eu quero.
B: O quê?
A: Que você seja meu companheiro.
B: Hein?
A: Eu quero que você seja meu companheiro, eu disse.
B: O quê?
A: Eu disse que eu quero que você seja meu companheiro.
B: Você disse?
A: Eu disse?
B: Não. Não foi assim: eu disse.
A: O quê?
B: Você é meu companheiro.
A: Hein?

(...) rsrs

6.4.10

No meio do caminho, talvez.

Andei amando loucamentee, como há muito tempo não acontecia. De repente a coisa começou a desacontecer. Bebi, chorei, ouvi Maria Bethânia, fumei variados, tive insônia e excesso de sono, falta de apetite e apetite em excesso, vaguei pelas madrugadas, escrevi poemas (mais do que o normal, juro). Penso que aagora está passando: um band-aid no coração, um sorriso nos lábios – e tudo bem. Ou: que se há de fazer...

5.4.10

Como faz pra ti esquecer ?


Você estava apaixonado por alguém e levou um fora. Acontece mais do que acidente de avião, desastre com romeiros e incêndio na floresta. Corações partidos é o grande drama nacional. O que fazer? Ainda não lançaram um manual de auto-ajuda que consiga eliminar nossa fossa, e dos amigos só podemos esperar uma frase, repetida à exaustão: tire esse cara da cabeça. Parece fácil. Mas alguém aí me diga: como é que se tira alguém de um lugar tão cheio de mistérios? --'
Gostar de alguém é função do coração, mas esquecer, não. É tarefa da nossa cabecinha, que aliás é nossa em termos: tem alguma coisa lá dentro que age por conta própria, sem dar satisfação. Quem dera um esforço de conscientização resolvesse o assunto: não gosto mais dele, não quero mais saber daquele prepotente, desapareça, um, dois e já! Parece que funcionou. Você sai na rua para testar. Sim, você conseguiu: olhou vitrines, comeu um sorvete e folheou duas revistas sem derramar uma única lágrima. Até que começa a tocar uma música no rádio e desanda a maionese. Você não tirou coisa alguma da cabeça, ele ainda está lá, cantando baixinho pra você.

Táticas. Não ficar em casa relendo cartas e revendo fotos. Descole uma festa e produza-se para matar. Você bem que tenta, mas nada sai como o planejado. Os casais que se beijam ao seu lado são como socos no estômago. Você se sente uma retardada na pista de dança. Um carinha puxa papo com você e tudo o que ele diz é comparado com o que o seu ex diria, com o que o seu ex faria. Chamem o EccoSalva.

Livros. Um ótimo hábito, mas em vez de abstrair, você acha que tudo o que o escritor escreve é para você em particular, tudo tem semelhança com o que você está vivendo, mesmo que você esteja lendo sobre a erupção do Vesúvio que soterrou Pompéia.

Viajar. Quem vai na bagagem? Ele. Você fica olhando a paisagem pela janela do ônibus e só no que pensa é onde ele estará agora, sem notar que ele está ali mesmo, preso na sua mente.

Livrar-se de uma lembrança é um processo lento, impossível de programar. Ninguém consegue tirar alguém da cabeça na hora que quer, e às vezes a única solução é inverter o jogo: em vez de tentar não pensar na pessoa, esgotar a dor. Permitir-se recordar, chorar, ter saudade. Um dia a ferida cicatriza e você, de tão acostumada com ela, acaba por esquecê-la. Com fórceps é que a criatura não sai.

… Se não era amor,

era da mesma família. Pois sobrou o que sobra dos corações abandonados. A carência. A saudade. A mágoa. Um quase desespero, uma espécie de avião em queda que a gente sabe que vai se estabilizar, só não se sabe se vai ser antes ou depois de se chocar contra o solo. Eu bati a 200 km por hora e estou voltando á pé pra casa, avariada. Eu sei,não precisa me dizer outra vez. Era uma diversão, uma paixonite, um jogo entre adultos. Telvez este seja o ponto. Talvez eu Não seja adulta o suficiente para brincar tão longe do meu patio, do meu quarto, das minhas bonecas. Onde é que eu estava com a cabeça, de acreditar em contos de fada, de achar que a gente muda o que sente, e que bastaria apertar um botão que as luzes apagariam e eu voltaria a minha vida satisfatória,sem seqüelas, sem registro de ocorrência? Eu não amei aquele cara. Eu tenho certeza que não. Eu amei a mim mesma naquela verdade inventada. Não era amor,era uma sorte. Não era amor, era uma travessura. Não era amor, eram dois travesseiros. Não era amor, eram dois celulares desligados. Não era amor, era de tarde. Não era amor, era inverno. Não era amor, era sem medo. Não era amor, era melhor..

2.4.10

Escolha emocionalmente feita sobre a razão.


Estavam lá no céu, todas as almas, umas eram somente razão, outras somente emoção, duas filas distintas.

Finalmente, chegou a minha vez de ser colocada em uma das filas. Olhei para ambas e me identifiquei com a da razão. Acontece, porém, que quando avistei você na da emoção, meus olhos brilharam, foi como se fosse um imã a me puxar.


Aproximei-me do Criador e lhe disse:

- Eu gostaria de ficar na fila da emoção, pode ser? ... é que existe uma doce alma por lá, que me encantou.

- Está bem, falou-me Ele, você até poderá escolher seu lugar, mas antes quero lhe explicar algo, depois então você fará a sua opção.


"Existem almas que são gêmeas,tudo nelas é igual, a única diferença que eu coloquei foi a razão e a emoção, justamente para que elas possam se completar, é como se fosse um encaixe. Possuo uma grande percepção para distinguir as almas gêmeas e por isso entendi, que aquela que se encontra ali na fila da emoção é a sua (Ele falou apontando para você). Daí querer te colocar na da razão.

Caso vocês fiquem juntas, o encanto das almas gêmeas se acabará, ao passo que se ficarem separadas, ele permanecerá. No entanto, devo lhe contar algo, as almas gêmeas, nem sempre se encontram, porém vivem sempre unidas pelo coração e por elas próprias. Por outro lado quando se encontram, jamais se separam, nem mesmo eu consigo executar esse afastamento."


Entendi naquele momento que a razão não sobrevive sem a emoção. e a emoção por sua vez, precisa da razão para viver.

Nesse instante fiz a minha escolha:

- Prefiro a fila da razão!


Encaminhei-me para o meu lugar, me posicionei e nesse mesmo instante, você, que não tinha até então percebido a minha presença, olhou-me e sorriu!


Hoje, eu sou a razão, você a emoção, eu te dou o chão e você me leva à lua.


Hoje, eu entendo o que o Criador quis me dizer com: "...é como se fosse um encaixe.


Hoje, eu sou a razão correndo atrás da emoção e você a emoção pedindo aos céus que eu possa pertencer a mesma fila que você.

Mas, o que que você não sabe é que fui eu mesma quem escolheu o meu lugar, só para ser a sua alma gêmea.

O que você não sabe é que, mesmo antes de pertencer a qualquer uma das filas, eu já te amei.


Quando voltarmos para o lado de lá, você há de entender tudo isso e se eu puder escolher uma das filas novamente, eu ainda vou querer ficar separada de você. A única diferença é que escolherei a fila da emoção para sonhar como você sonhou e que você fique na da razão para entender como eu sofri!


1.4.10

E as mentiras.

Homens e/ou mulheres que dizem eu te amo da boca pra fora .
- Mentira tão normal hoje em dia.

Mulheres que mentem pra si mesmas dizendo que ainda ama o seu marido, mas só continua com ele por costume ou medo da solidão (isso tambem acontece com os homens).
- Mentira ingênua.

Pessoas que si fingem ser amigos por interesse.
- Mentira invejosa.

Mães que tem inveja de seus proprios filhos, mas na frente dos outros faz poser de boa mãe.
- Mentira maternal.

Pai que diz que filho macho é filho que não chora.
- Mentira antiga.

Enamorados que fazem juras de amor um ao outro, e no dia seguinte tem outra (o) na cama fazendo o mesmo.
- Mentira viciante.


(...)
Dentre outras tantas que me fez perder o raciocinio, não existe 'pior mentira', nem 'mentira perdoavel' , mentira é mentira, machuca.


E ainda tem gente que acha que dia da mentira é todo dia.