24.5.10

Sem complicações.

Você pediu que eu fosse sincera. Pediu que houvesse sempre compreensão entre nós. Pediu-me que não agisse de cabeça quente, que não tirasse conclusões sobre ti precipitadamente. Sabes o que fiz? Abri o meu coração para ti. Mostrei-te o meu mundo. Fui sincera pois fui para ti algo que, ás vezes, nem sequer me atrevo a ser para mim. Levei-te pelos caminhos encantados dos meus sonhos e te mostrei tudo aquilo que cabia no meu ser. Apresentei-te os meus medos, as minhas fragilidades e até os meus fantasmas. Esperando sempre que, tal como eu, tu, com a tua tão grande compreensão (dizias tu) afugentasses tudo o que havia de errado e me tornasses numa pessoa melhor. Melhor... Para ti. Te mostrei o que sou, o que sonho, o que temo, o que vivo, o que penso. Mostrei-te o que de mais frágil e puro existe em mim... Abri a caixinha onde guardo a essência do meu ser e deixei assim, aberta. Esperando que com as tuas mãos delicadas a conhecesses, a sentisses, a guardasses para ti. Quis acreditar no que via no teu olhar e no que o meu coração palpitava quando me abraçavas com força e me fazias sentir tão segura.
Sim. eu fui sincera. Mas sei que também te compreendi. Ouvi as tuas histórias atenta aos teus movimentos, aos teus gestos, acabei as tuas frases quando não encontravas a palavra certa... Advinhei e antevi tudo o que sentias. Tudo o que não dizias, mas querias dizer. Sei que também te compreendi porque os teus olhos passaram a ser bem mais sinceros que qualquer palavra tua que soasse no ar. Precipitada? Fechei os punhos com toda a minha força. Engoli em seco. E quantas noites! E quantas manhãs! Quantas tardes! Quantos momentos! Me odiei. Por ti. Por ti quis mudar e senti-me fraca mesmo com toda a força de vontade, mesmo com toda a certeza do meu erro, mesmo com todo o meu amor por ti. Lutei e por ti, pelos erros que me jogas-te na cara, dizendo: desculpas, para quê?, fazendo-me acreditar que iria conseguir mudar... E eu me vi cair... Ás vezes não conseguimos ir contra aquilo que somos. E odeio-me (odiei-me). E tu sabes. E mesmo assim fingis(-te) não ver. Se posso também pedir. Talvez porque dei. Então, peço-te que ja que prefiris-te ser covarde e fugir, então que entre nós não hajam segredos ou meias-verdades, apenas uma sinceridade extrema e uma distância plena.

Um comentário:

  1. Os textos de quintana de abreu são um pouco tristes, tantos lamentos. Ela tinha uma forma diferente de queiroz, este que procurava sempre escrever ilusões, quintana talvez ja tivesse passado por essa fase.

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